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COMUNICADO BLOCO DE ESQUERDA OLHÃO | 2013.10.15

"(...)
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não, do tamanho da minha altura..."

( Alberto Caeiro)

O resultado da eleição para a mesa da Assembleia Municipal de Olhão devia ser motivo para uma reflexão séria e profunda por parte da concelhia de Olhão do PS, sobre a forma como aquele partido tem conduzido a Câmara Municipal e a política neste concelho.

Ao invés, no comunicado que divulgou aqui, a concelhia do PS parece ver no resultado eleitoral de ontem, uma união revanchista do Bloco de Esquerda, à direita com o PPD/PSD; uma "aliança contra-natura" eivada de "obscuros" e fantasiados "acordos", em que a esquerda se demite das suas convicções e bases ideológicas, em prol de uma vingança imaginária cujo propósito ou motivo se desconhecem.

Como dizia o poeta, nós não somos da nossa altura, mas do tamanho daquilo que vemos. E a concelhia do PS de Olhão, demonstrou que só soube ver do tamanho da sua altura.

Uma vez mais não teve a grandeza e a riqueza de perceber o verdadeiro significado do resultado histórico (nisso sim teve razão) daquela votação, cujo sentido já podia e devia ter vislumbrado aquando do resultado da eleições autárquicas de 29 de Setembro.

No seu recente comunicado, o PS revela a sua incapacidade de compreender que o resultado do dia 14 de Outubro (tal como o de 29 de Setembro já pronunciava), exprime uma inabalável vontade de mudança, comum a todos os quadrantes políticos, independentemente das respectivas bases ideológicas; um protesto uníssono dos olhanenses contra a opacidade com que o PS tem conduzido a vida do município há quase 40 anos; um rompimento irreversível com os "velhos hábitos" desta autarquia.

O Bloco de Esquerda e demais partidos souberam ver, para além do seu tamanho, sem para tal precisarem de se despojar das suas convicções ideológicas, porque, precisamente, viram que esta mudança é essencial para que possam, com transparência e sem quaisquer constrangimentos, implementar as medidas constantes dos seus programas eleitorais, em prol da defesa dos  interesses da população de Olhão.

Para tanto, afigura-se necessário restaurar a confiança na Assembleia Municipal, garantindo que os deputados municipais possam aceder livremente e sem quaisquer condicionamentos à informação que, através da mesa da Assembleia, é possível obter da câmara Municipal, assegurar a transparência do processo deliberativo, revitalizar o papel fiscalizador da Assembleia Municipal, defender a participação dos cidadãos nas tomadas de decisão.

É consabido que caso o resultado da eleição fosse outro, tais desideratos seriam inatingíveis  - quase 40 anos de poder autárquico PS mostraram-nos isso.

A eleição da Assembleia Municipal do passado dia 14 de Outubro constitui pois um marco histórico para o exercício da democracia em Olhão. Pela primeira vez em 38 anos de governação PS, a mesa da assembleia não pertence ao partido que tem conduzido o destino de Olhão e dos Olhanenses, rumo ao mais completo marasmo social e descalabro financeiro.

No dia 14, numa atitude de coerência com as suas posições e após aprofundada ponderação sobre a melhor forma de acautelar os superiores interesses do povo de Olhão, a oposição, onde nos incluímos, foi capaz de, por um momento,  pôr de lado as lutas político-partidárias e em prol da transparência, da seriedade e do rigor, da necessidade de ruptura com as políticas falhadas do passado, dar um gigantesco passo para o exercício de uma democracia verdadeiramente livre, transparente e participativa.

À esquerda ou à direita nunca poderíamos apoiar e compactuar com quem pretende a manutenção das empresas municipais Fesnima e Mercados de Olhão, defendendo o indefensável, com quem descarta com leviandade uma auditoria às contas do município, com quem, autisticamente ignora e varre para debaixo do tapete os problemas da nossa Ria Formosa, com quem, no fundo, defende a continuidade das políticas opacas e ruinosas que colocaram Olhão no estado em que se encontra. 

O próximo passo do Bloco de Esquerda  implicará a apresentação de propostas muito concretas para a elaboração de um Regimento da Assembleia Municipal que reforce o papel fiscalizador da Assembleia, que promova uma participação verdadeiramente activa  dos cidadãos na vida autárquica, que assegure o livre acesso à informação e que garanta a transparência das decisões e de todo o processo deliberativo.

Dizia ainda o poeta que "A nossa única riqueza é ver "   -  É esta esperança, este vento de mudança que o Bloco de Esquerda vê para Olhão.

A Democracia voltou a Olhão e isso só pode ser bom para todos.